segunda-feira, 30 de maio de 2016

Chefe da polícia disse que perícia de vídeo pode contrariar o senso comum

O laudo da perícia do caso de estupro coletivo da jovem de 16 anos no Rio diz que a demora da vítima em acionar a polícia e fazer o exame foi determinante para que não fossem encontrados indícios de violência, como antecipou o Bom Dia Rio nesta segunda-feira (30). Ela foi examinada quatro dias após o crime.

Alma Caipira - Chefe da polícia disse que perícia de vídeo pode contrariar o senso comum
Adolescente de 16 anos deixa o hospital Souza Aguiar com a mãe após estupro coletivo no Rio (Foto: Gabriel de Paixa/Agência O Globo)
Além do exame de corpo de delito, a polícia também fez uma perícia no vídeo que foi divulgado nas redes sociais, no qual a jovem aparece desacordada. Os resultados das análises serão informados nesta segunda pelos investigadores.
Neste domingo (29), o Fantástico adiantou algumas informações que estarão no laudo feito sobre as imagens. O Chefe de Polícia Civil, Fernando Veloso, disse que a perícia do vídeo traz respostas que podem contrariar o senso comum que vem sendo formado sobre esse caso.

“Não há vestígios de sangue nenhum que se possa perceber pelas imagens que foram registradas. Eles [os peritos] já estão antecipando, alinhando algumas conclusões quanto ao emprego de violência, quanto à coleta de espermatozoides, quanto às práticas sexuais que possam ter sido praticadas com ela ou não. Então, o laudo vai trazer algumas respostas que, de certa  forma, vão contrariar o senso comum que vem sendo formado por pessoas que sequer assistiram ao vídeo”, concluiu Veloso.

Depoimento da vítima
Em entrevista para o Fantástico, a adolescente contou que sofre ameaças e disse que se sentiu desrespeitada na delegacia onde prestou depoimento. "O próprio delegado me culpou", afirmou, ressaltando que pediu para que o depoimento ao delegado Alessandro Thiers fosse interrompido.
O próprio delegado me culpou. Quando eu fui à delegacia eu não me senti à vontade em nenhum momento. Eu acho que é por isso que muitas mulheres não fazem denúncias"
Vítima de estupro coletivo
“O próprio delegado me culpou. Quando eu fui à delegacia eu não me senti à vontade em nenhum momento. Eu acho que é por isso que muitas mulheres não fazem denúncias. Tentaram me incriminar, como se eu tivesse culpa por ser estuprada”, relatou a jovem.
O pedido da defesa dela para que Thiers fosse afastado do caso chegou, neste domingo, ao plantão judiciário do Tribunal de Justiça do Rio, mas a juíza Angélica Costa adiou a decisão. Com isso, o processo será remetido nesta segunda-feira para uma vara criminal.